segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Um dia na vida de um javardo

Acordei remelento e com tesão de mijo (também conhecida como “a única possível visto a dona parecer um desastre de comboio”), e ao primeiro balançar de perna para o chão descubro que deixar pacotes de batatas fritas no chão é inimigo de pés descalços, mas como eu sou uma pessoa que gosta de agarrar as oportunidades aproveito e fico logo com o pequeno-almoço tomado (batata frita e um resto de cola sem réstia de gás).
Levanto-me, descolando com alguma dificuldade a camisola de manga caviada dos lençóis fedorentos, e visto as minhas calças desportreino, que, se não estou em erro, viram o apuramento para o campeonato Europeu de futebol de 84.
Chinelo da moda e aí vou eu tomar o café da manhã, com cheirinho como é óbvio, à falta de bagaço os sovacos ajudam a amenizar a dor, de seguida, e até porque hoje estou numa de dieta, mando vir duas fresquinhas para aviar com o sempre bem vindo e colorido tremoço a acompanhar.
Até porque, gajo que é gajo de manhã só come tremoço, se tiver problemas de cálcio pode sempre juntar este no leite ou fazer uma canjinha de tremoço (sem a galinha claro), digo mais, sopa, fora a já referida, só de for de pedra, e à maneira que o Zé das iscas prepara, só com a pedra e um pouco de água de lavagem.
A meio da manhã, faço uma pausa na árdua tarefa de desentortar pregos e aproveito para ir ao tasco beber uma cuca e devorar uma sandes de presunto (só a parte branca obviamente). Agora que me lembro, no outro dia o médico disse que eu tinha de largar o vinho, o álcool e as gorduras, respondi-lhe que quanto as gorduras já tinha tentado mas a minha mulher recusava-se a sair de casa, em relação ao resto disse-lhe que malucos só na assembleia da república e aproveitei para lhe desfazer a barba à chapada.
Retomo o trabalho por volta das onze e uns trocos mesmo a tempo de apanhar o intervalo para o almoço, por momentos pensava que nunca mais comia.
A hora do almoço é sempre algo de bonito, sete homens na alegra cavaqueira, bem regada pelo verde da casa. Na mesa além do bom bife também está a conversa sobre o clube da terra, símbolo de orgulho local juntamente com as pataniscas da Dona Eulália e o cu da filha do Toni Sucateiro.
O relógio marca duas e tal o que é o mesmo que dizer que está na hora de ir trabalhar, peço duas minis para a viagem e siga para a parte de trás do camião que a viagem hoje é de descapotável.
Durante a parte da tarde confesso que não fiz muito, falhei redondamente em três piropos pois as moças nem olharam para trás quanto mais responder à má fila, o que fez com que os meus colegas se rissem de mim, felizmente um deles conseguiu pregar um prego no dedão do pé o que me alegrou o dia.
Por volta das quatro e meia, e enquanto rapava a massa da pá, fui testemunha de um pequeno atropelamento, descrevendo de forma muito rudimentar, Gorda – passadeira – peugeot 205 – tremor de terra – gorda a barafustar.
Eu sou um gajo que gosta de justiça, aprendi com o já esquecido juiz decide, como tal quando a GNR chegou ofereci-me como testemunha abonatória do condutor (um jovem com o cabelo a brilhar quase tanto como as jantes, que em tempos penhorou a avó para comprar o super amplificador para o seu bueda nice auto-rádio XPTO).
Após me oferecer, o senhor guarda perguntou-me se eu estava bêbado ao que respondi que tal seria muito provável mas que ainda não ia conduzir, depois este perguntou-me porque é que estava a defender o puto, ao que respondi algo dentro das linhas "bater numa mulher tão feia só pode ser o caminho certo para um mundo melhor, e com sorte até lhe arranja aquela marreca irritante".
Cheguei a casa antes da mulher, o que depreendi desde logo pois a casa não estava impregnada pelo cheiro a laca da loja dos trezentos (euro e meio para esta mocidade).
Aproveitei para ver uns canais codificados (se abanar-mos muito depressa a cabeça quase que dá para ver alguma coisa) mas fui interrompido pelo entristecedor som das chaves da minha mulher a tilintar.
A partir daqui é sempre a perder, o jantar parece saído de um caixote do lixo a que nem os gatos pegam, as novelas continuam iguais às da semana passada e a única balbúrdia na cama que vai haver é a disputa pelo edredão.
Adormeço com a cara virada pelo lado oposto ao do bafo da dona (alho com vinho tinto) e sorriu, porque de manhã a vingança será minha (hálito pré-escova dos dentes, visto nunca ter tido uma já é um pouco banal).
Dou as boas noites à minha camisola do clube, e espero sonhar com umas asiáticas peitudas, assim já adiantava serviço à mulher, pondo os lençóis de molho.


Sabias que…
O Corpo humano tem cerca de dois milhões e meio de glândulas sudoríparas, escusado será dizer que por mais Axe extra-seboso que compres, se ficares ligeiramente nervoso vais começar a feder, o que pode constituir um problema se pretendes arranjar alguém para.. feder!

O meu som:
Ornatos Violeta – coisas

Citação do Post:
“500 Miles,
500 More,
Just to be the man to fall down at your door.”
In 500 miles by Maxïmo park

Prá mãe, pró pai e para o irmão…