sábado, 27 de setembro de 2008

festivais 2008

Antes de mais, é necessário, não, é primordial, não, é essencial referir que este post à semelhança de algumas coisas no meu quarto está cheio de bolor, porquê? Porque comecei a escrevê-lo dois dias após ter regressado de Paredes (ai paredes!) e só agora é que ele entra no fantástico mundo da blogosfera (ou assim ouvi dizer).

…………………………………………..

Pois é, pois é, de volta e ainda com mais força (acabei de tomar o pequeno-almoço e sim são três da tarde).

Agora que a época dos festivais de verão se encontra no fim e eu tive o privilégio de comparecer a três, o que tinha de longe o melhor cartaz e o com melhor ambiente de todos os festivais (se não sabem do que estou a falar podem já aproveitar para clicar nesse pequeno X que podem ver no canto superior direito do monitor, vá lá, não dói nada), o melhor festival em termos de custo/qualidade e o festival com o melhor ambiente de todos mas mesmo todos.

Para já as minhas desventuras serão postas de parte que nem uma espinha no canto (desde quando é que uma forma redonda tem cantos?) do prato.

Como tal este post será dedicado às mil e uma (ou mais) particularidades de um bom festival, daqueles tipo “hard, sweet and sticky”… a família Couriana sabe do que falo.

Para começar coisas que me irritam (de vez em quando):

“One men moch”, aquele parvalhão que num determinado concerto em que as pessoas até estão a apreciar a música de uma forma interiorizada (e assim de repente ficam a saber que todos os diálogos das novelas portuguesas deveriam seguir este modelo) começa a saltar que nem uma moça de quinze anos ao ver uma montra em saldos e a empurrar metade da plateia à má fila, sinceramente, este descerebrados o que é que têm na cabeça, pedregulhos, se por acaso não tiver eu não me importo de contribuir para que tal aconteça, a meu ver uma entrada de carrinho era pouco…

Relacionado com este mas distanciando-se um pouco na agressividade (menos quando dizem mal do seu ídolo) está o “fã número um e único” que é aquele tipo, primo do baterista que ao ver que ninguém curte a banda começa a cantar todas as letras mais alto que o tipo que está com o micro em cima do palco (embora este esteja desligado e ainda bem que assim o é), para assim parecer que são muitos, este tipo é aquele que ao primeiro acorde de qualquer música (inclusive do “sound check”) começo aos pulos a dizer coisas como, “esta é que é”, “e que grande som”, “aqui está o próximo single” enquanto olha com um ar de lunático para os que o rodeiam, juro que se alguma vez vir um destes a espumar-se pela boca lhe mando com uma pá na cabeça e o atiro para fora do recinto, para evitar contágio entenda-se.

Irritante também é aquele tipo que fumou “rena” e quando aquilo bate ele pensa que é o super festivaleiro e começa a dar uma de durão com a sua barriga flácida e peitoral descaído, metendo respeito às moças de doze anos que por ali se encontrem, sempre que vou à capital ver um festival apanho um destes gajos ao meu lado “epá, não te metas comigo que eu parto-te todo”, espantosamente isto nunca é dirigido a mim, sinto-me um pouco excluído.

Mas não se pense que este tipo de coisas fica circunscrito ao público, no Alive o John, dos John Buttler Trio (quem diria), tinha as unhas de uma mão tão grandes que dava para descascar duas laranjas ao mesmo tempo ou uma bola de bowling de proporções médias, no marés vivas o Peter Murphy andava a fazer pivots e a cumprimentar o público “Queen Elizabeth II style” como se não houvesse amanhã, a merecer um destaque de qualidade a sua soberba interpretação da hurt dos NIN que até uma subida pelos pilares do palco teve que nem gata assanhada (ao contrário da creep “versão” Macy Gray que já estava a pedir um 747 no meio da fuça).

Outro ponto negativo nestas andanças foi os systers of mercy que além de não terem uma música de jeito e não terem baterista lembraram-se de compensar com excesso de fumo, devo dizer que aquilo em palco parecia uma reencenação da mítica cena do regresso de D. Sebastião, quanto a ele nem sinal mas cavalos em cima do palco não faltava, existe sempre uma possibilidade dos “roadies” estarem a fazer uma fogueira alimentado por substâncias ilegais mas tal não é possível confirmar.

Fiquei um pouco desapontado, tipo quando abrimos um ovo kinder e ganhamos a merda dum carrinho que ainda por cima temos de montar, ao ver o Sr. Bob Dylan a arrastar-se para cima do palco onde conseguiu arruinar as suas próprias músicas, e talvez com vergonha tenha deixado alguns sucessos intemporais de fora, onde andas “Mr. Tambourine man”.

Sempre curioso é o público português que ao primeiro “Obrigadouu” já delira tipo “Ia, o magano fala português”, e quando eles dizem “I love you Portugal” então é o delírio com os festivaleiros a acreditar que ele nunca disse aquilo antes nem nada.

Mas nem tudo é mau e por exemplo a excelente prestação do Sr. Paulo Furtado em paredes que incluiu um “crowd surfing” enquanto cantava com frases eternas como “larga-me o sapato, são de marca” conseguiu surpreender metade do público menos eu que muito honestamente já estava à espera, mesmo assim, uns pontos para ti rapaz, long live the tiger.

Coisas curiosas que vi ou aprendi este ano, pessoal no meio da moch em The Hives (quase quase a começar RATM) a parar a moch para “ajeitar” o tapete verde (“tinham de estar lá para perceber”), uma gaja a fazer a depilação em paredes (nunca tinha visto tal coisa, tipo são quatro ou cinco dias no máximo, e fazer antes de sair de casa não) moça, se já tens namorado não precisas de te dar ao trabalho, se por outro ladoo estás à procura de homem num festival então, também não precisas de te dar ao trabalho, esse pessoal passa os dias a comer restos de tudo, miúdas não são excepção!

Aprendi que vinho tinto com cola é bom e que o nome carrascola é mesmo apropriado (alguém dá um hurray para o grande grande Sr. Batata frita, és o maior rapaz, o meu Paredes 2008 tem o teu nome incluído, assim de repenta isto é assim um pouco, quase nada, arrabetado!), que a água do rio não é assim tão quente quanto parece.. às três da manhã e que fazer uma chapona de dois metros e meio às três da tarde não ajuda nada na reputação dum simples mortal.

Também aprendi que comer gomas embora seja uma actividade reservada à classe supra alta da sociedade é engraçado, que comprar impermeáveis é escusado porque no momento em que precisamos deles não os temos e quando damos €6.75 (que roubo, a cerveja que podia ter emborcado com esse dinheiro) por eles não cai nem mais uma gota de chuva.

Apenas mais umas palavras já que isto hoje está complicado, “O mundo do festivaleiro é pequeno, o que é inversamente proporcional às experiências que este vive”.

Explicando, mesmo que nem estejas à procura encontras sempre pessoas conhecidas em festivais (para terem uma noção eu só devo conhecer umas três pessoas e mesmo assim encontrei umas dez) e quanto às aventuras, bem isso depende de muitas coisas mas não há maus festivais, apenas há uns melhores que outros.

Até para o ano, se assim for…


O meu som

Biffy Clyro – as dust dances


Citação do Post:

“Well there was a time when you let me know

What’s really going on below

But now you never show that it to me, do you?

Remember when I moved in you

The Holy dove was moving too

And every breath we drew was hallelujah”

In hallelujah por Jeff Buckley


Prá mãe, pró pai e para o irmão…