segunda-feira, 18 de novembro de 2013

90's kids

Bem, bem, bem...
A pedido, ou mais ou menos algo assim, aqui fica algo de mim.
Sinto que estou mais velho (ainda a semana passada estava no centro de saúde a comparar descaimento testicular com os 4 membros da associação recreativa da malha desportiva, fiquei em 2º lugar!) e como tal começo a olhar para algumas coisas de outra maneira (agora fazia uma piada sobre usar óculos mas quem me conhece sabe que na 2ª classe, quando levei com uma bola de ténis no meio daqueles hiper-mega-gigantescos óculos, tão bonitos e bons que acabei com um furo/arranhão no nariz, nunca mas quis usar óculos).
Na realidade vejo tudo como sempre vi, ligeiramente distorcido e pintado com uma palete que vai de uma manhã cinzento a uma tarde solarenga dependendo dos dias pois claro.
Mas como isto sempre foi de comparações, que nem rapazes com réguas sem nada que fazer no balneário?! aqui fica os meus anos de catraio vs o que quer que agora se passa nesta mocidade (mais algumas destas e vou jogar á malha para a Srª da saúde, 24 horas de malha, ainda hei-de participar, talvez, talvez não, não).
No meu tempo...
Redes sociais eram o bairro e a escola, e todos pertenciam desde que a mãe deixa-se vir para a rua (foi assim que quase abri a barriga ao meio numa árvore tombada, o pior foi mesmo esconder a T-shirt com sangue da mãe obviamente).
Jogos Multiplayer eram aquelas futeboladas na rua com paralelos a fazer de balizas e intervalos anunciados pelo motor de um carro ou mota a querer passar, "óoolha U carro, arruma os paralelos", isso ou "corridas" de bicla à volta do quarteirão, foi assim que dei uma de super-homem e aterrei num montão de lama, também "escondi" essa da minha mãe, claro que a minha versão de esconder era colocar para lavar como se alguém que não a minha mãe lavasse  roupa!
O Chatroom era chamado de "qualquer lugar no recreio", no tempo em que ainda não era moda colar os olhos num ecrã e ver o mundo através de letras e smyllies, já devo ter mencionado algures o quanto me irrita ouvir alguém dizer LOL em vez de se rir quando está a falar com alguém frente-a-frente, não tenham medo das rugas, não são sinais de velhice são sinais de vida.
Naquele tempo tirar fotos implicava mandar revelar estas, o que custava dinheiro e embora isso fosse chato, tipo aula de história depois de EF, significava que quando tiravamos uma fotografia era porque sentiamos que algo merecia ser preservado, agora pelos vistos nada tem valor já que tudo não só merece ser preservado para todo o sempre como ainda é exposto para todos, eu não quero saber da tosta-mista que comeste!
Antigamente não tinhamos muito conhecimento que não fosse formatado, por isso também não falavamos de muitas coisas, hoje em dia tuo está ao alcance de um clique mas mesmo assim, a maioria de slogans/status/lemas de vida não passam de cópias de cópias de um inergume que fingimos conhecer (claro que no final deste pequeno texto eu vou fazer exactamente o mesmo, ai que tristeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!)
Os nossos Ipads eram os magic-boards que bastava rodar um pequeno botão que fazia logo "um novo documento", o Iphone era os preciosos Walkmens, da Sony ou dos chineses (que chineses? não me lembro disso não), ajudavama  passar os tempos e mesmo com aqueles auscultadores almofadados todos ranhosos conseguiam dar uma certa pinta (pintarolas? devo estar perto dos 50..), claro que a pirataria era passar ums K7's aos amigos, gravadas com muito preserverância, pois tinhamos de gravar/parar no momento certo que passava na rádio e rezar para que não aparecesse a meio um irritante "rádiu cidadiii", ainda existe?).
Os discman vieram um pouco mais tarde, mas além de caros os primeiros estavam sempre a saltar as músicas, é o equivalente a fazer uma chamada via Skype com alguém na casa a fazer streamming de videos de gatinhos e gente a "bater com a  tromba em tudo que vê" (isto mais parece um título de um filme X-rated).
Falei nas fotos antes mas acho que algo ainda mais interessante eram as mensagens, naquele tempo era caro mandar umas sms, tipo, se mandassem 20 para  mesma pessoa no mesmo dia era o mesmo que dizer "eu penhorava a minha casa por ti!". O que embora não fosse lá muito prático, pelo menos pensavamos (um pouquito só, mas pensavamos) no que diziamos e a quem diziamos, hoje em dia todos pensam que são o Fernando Pessoa num "speed dating" quando na verdade o verso de um pacote de cereais tem mais vocabulário que a memória de tal ilucidado "telemóvel".
Em termos de presentes, acho que as crianças sempre quiseram mais, mas naquele tempo receber umas meias que não tinham as famosas raquetes de "tenis" (sem acento no é) já era uma vitória, e pelo menos para mim, ter mais que uma prenda dos pais era sinal que tinha acabado de abrir algo que não era para mim.
Não estou a dizer que agora é pior, nada disso, mas substituir tempo/carinho por telemóveis/roupa não me parece grande negócio, e se "dantes" também nem sempre havia tempo era mais porque trabalhar era mesmo preciso, não porque a colheita do farmville apanhou giada!
Isto já vai longo e eu não tenho grande vontade para discorrer sobre tudo e sobre nada, até porque no fim, eu não quero saber.
Porque sim!

O meu som
Mumford & Sons - I gave you all

Citação do Post

The woods are lovely, dark and deep.
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.
 Por Robert Frost in Stopping by Woods on a Snowy Evening (até parece que leio poesia, tão tristeeeeeeeee!)

Para mim..






 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Anúncios dos bons

Kachim! Esta é a minha nova frase de entrada, por acaso não mas confesso que se estivesse num encontro com uma slot machine não me importava de a ouvir falar assim.

Pois é, pois é, já lá vai algum tempo desde que por aqui deixei nota da minha passagem, decidi escrever hoje acabadinho mesmo de ver um anúncio ao queijo castelões, não sei se é bom ou mau (o queijo) porque nunca o provei mas aquele anúncio só não é pior porque não deu mesmo. Quer dizer, ainda não sei se aquilo é uma actriz mesmo feia ou apenas um travesti sem espelho em casa, umas sobrancelhas farfalhudas como aquelas nem o meu avó tinha e isto é dizer muito já que as dele pareciam cortinas para os olhos.

Continuando no tema dos anúncios de televisão, o novo de um qualquer medicamento para a diarreia também não prima pela qualidade, quer dizer aquilo mostra o interior de uma mulher que pelos vistos é constituído por vários instrumentos de uma qualquer fanfarra, o que a meu ver é uma forma simpática de dizer que cada vez que a simpática senhora dá um ar da sua graça aquilo mais parece um camião a buzinar. Eu honestamente compreendo que não há uma forma certa de anunciar algo que pára a diarreia mas este anúncio não aponta numa direcção minimamente aceitável, aliás, será que realmente queremos um medicamento assim? É que basicamente estamos a colocar uma “rolha” numa avalanche de merda, e bem, uma avalanche não pára, por isso se não sai por baixo, encontra caminho por cima, se não acreditam deviam ter visto os debates presidenciais ou um pouco da ARtv.

Bem o próximo anúncio não tem nada de especial mas eu tenho de o referir porque a minha mente é a de um puto de 10 anos e dentro dela este merece um sítio especial, sim estou a falar de ti Jumbo Coina, com as tuas promessas que desta vez não será o cliente a ser fodido.. nos preços, que não há nada melhor do que ir à Coina aviar.. as despesas do mês, e que desde que tragam dinheiro todos são bem-vindos à Coina (quanto bordel por esse país fora já não gastou tal slogan), um pequeno aviso aos incautos, nos dias de maior movimento, atenção ao chão escorregadio..

Uma menção honrosa para o garnier creme qualquer coisa qualquer coisa que anúncio ser ideal para o excesso de sebo, eu sei que sebo é uma palavra real, pelo menos mais real que o nome lyonce viiktorya (não quero saber se está bem escrito ou não, é demasiado ridículo para o decorar), é que sebo para mim faz-me lembrar o cabelo de um qualquer rastafari moderno que houve bob marley e fuma uma ervita medicinal mas não sabe que o primeiro era preto e que a segunda não passa dos restos do caldo verde que o cão não quis comer (isto faz-me recuar uns tempos quando um drogadito de trazer por casa que uma vez conheci comprou alpista a pensar que eram sementes de marijuana, clássico!), voltando ao sebo como um alcoólico reabilitado em Hollywood volta para o Jack daniels, não me parece que o anúncio tenha encontrado uma forma ganhadora para vender o produto, primeiro porque o possível cliente que precisa de um creme para o excesso de sebo ficaria melhor servido com um saco do lixo ou uma lixa grossa (talvez palha de aço para os casos mais complicados), segundo desde que o vi aquele anúncio suspeito de qualquer mulher que compre produtos daquela marca, confesso que fico sempre receoso no momento em que pego numa espátula para retirar aqueles 3,7cm de base, que ao fim de duas horas a cozinhar debaixo das luzes do restaurante fazem uma boneca de porcelana parecer mais real em comparação, e desvendar o que está por baixo.. “Ó quem diria, és morena afinal!”.

Bem só mesmo para terminar vou aqui referir um pequeno anúncio que vi a uma marca de água em que por baixo anunciava a linha de apoio ao consumidor, eu pergunto é assim tão difícil beber um copo de água? Se vais telefonar para lá a perguntar se é necessário decantar primeiro ou deixar respirar duas horas antes de servir é sinal que és um snob com a mania, se não sabes beber um copo de água (caso excessivamente encontrado em várias tascas de prestígio por esse país fora) então farás melhor em telefonar primeiro para um psiquiatra. Eu sei, eu sei que estas linhas são criadas caso haja um qualquer problema com a água (tipo a famosa água da coca-cola cujo único problema era vir de uma torneira, sim, o pessoal pagava para uma empresa multimilionário colocar uma rolha e um rótulo na água que saía das torneiras lá de casa), eu pergunto-me como será uma chamada neste centro de apoio ao consumidor, aliás as únicas chamadas que recebe devem ser as da Maria das pataniscas, que já não vê um corno à frente (o marido foi trabalhar para o estrangeiro), quando troca a garrafa da água pelo bom velho vodka (algo que confesso ter feito há uns anos numa exaustiva viagem de comboio, com demasiado calor e os lábios todos gretados devido a uma ligeira desidratação que não foi curada por aquela garrafa de luso manhosa!).

Porque sim!


O meu som

The Antlers – Kettering

Citação do post:

“’cause you’re talking rock and roll
Walking karaoke soul
I can see you desperate to please
Let me treat you for your disease”

Por Tom McRae in Karaoke Soul


Prá mãe, pró pai e pró irmão..

sexta-feira, 18 de junho de 2010

fewhipe_triste

Um dia na vida de Fewhipe Triste

Mal acorda, coloca os pés fora da cama e repara em duas coisas, uma, que as unhas quando crescem muito rasgam os lençóis que nem duas ninfomaníacas cheias de piercings durante uma sessão de “acarinhamento” intensa, segundo, que acordar com música é muito agradável excepto quando é a vizinha do terceiro e, gaga desde nascença, a gritar pelo puto ranhoso que mais uma vez se esqueceu do almoço, e dos livros, e de tirar uma positiva também, “ó ó bi..bi.bi..bitóóóóóór, olha u u u catano da sandes-es de cou..cou..couratu”, nada agradável mesmo em congruência com a cara da mulherzinha, de noite até nem parece tão mal, mas mesmo só quando é lua nova e ela está a cagar no meio do monte, descontando o cheiro claro.
Acaba por se levantar com a noção que o dia estava destinado a melhorar, como tal prepara um super almoço, despeja o resto do pacote de leite para uma malga (estranhamente aparenta ter a mesma consistência de natas) e junta-lhe duas mãos cheias de cereais de fibra que mais parecem farelo, pelo menos lá na loja de produtos agrícolas garantiram-lhe que era feito para pacóvios como tal ele sabia que estava a ter um pequeno-almoço rico.
Acaba de comer e um olhar de relance para o relógio na parede revela-lhe que tinha demorado mais de quarenta e tal minutos a faze-lo, normalmente ficaria aborrecido mas desta vez nem por isso, aliás, tinha-lhe sabido tão bem o pequeno que até aparentava estar a ruminar a comida.
Dá uma saltada até ao café para beber um traçadinho e ler as notícias à borla mas quando lá chega já só circulava pelos homens do café, à semelhança da jaquina dos frangos, o 24 horas que como todos sabem se aproxima mais do reino da ficção do que da realidade (tal como um politico cumprir as promessas que faz ou o carro de um guna realmente ter os cavalos que aparenta roncar, sim, esse tigra até que faz barulho mas quando corre mais parece um gatinho a cuspir uma bola de pêlo).
Sem desanimar emborca mais outro traçadinho e faz-se à estrada até porque ia derreter o cheque do rendimento mínimo antes do meio-dia e a caminhada ainda era comprida até à feira.
A meio do caminho lembra-se que no café tinha esquecido que não bebia álcool, lembrança provocada pela água de esgoto que agora lhe corria pela cara, fruto da queda aparatosa na valeta.
Sacode os ombros e volta à minha caminhada (agora! porque quinze minutos antes tinha sido uma verdadeira corrida já que o Francisco da drogaria passou na sua fumarenta furgoneta e pediu-lhe o dinheiro das latas de diluente que lhe devia..).
Finalmente chega ao recinto da feira, coisa bonita, dividida por zonas para mais fácil orientação, os frescos eram atrás das casas de banho que por sua vez ficavam nas traseiras da tenda do Manél das peles, o lixo era despejado apenas nas valetas onde geralmente se encontravam as mulheres que têm tanto de idade quanto de mau cheiro a vender pensos e molas, um requinte requintado.

De tarde, por volta das 16h após um almoço farto em fome vai dar uns paços de dança para a danceteria “arrasta o pé”, mal entra repara que o nome se justificava já que a pessoa mais nova fora ele já ia na segunda reforma e tirando o ritmo cardíaco ninguém levantava nada, mas mesmo nada.
A certa altura chegou a pensar que aquilo até podia ficar interessante ao assistir uma competição de breakdance, infelizmente acaba por perceber que afinal eram apenas dois velhos com Parkinson a tentar sacudir as fraldas (nota de registo o mais calvo ganhou já que foi para o hospital com a anca partida).
Chega a casa já tarde, o táxi recusou-se a atender os da sua laia (seria por causa da barba de cinco semanas e o cabelo que mais parecia um anúncio do óleo Fula??), cansado e com os pés em ferida já que caminhar tantos quilómetros não é fácil, ainda por cima calçava, supostamente, o mesmo número do guna que ganhou umas novas “tilhas” ao partir dois dentes do nosso querido herói.
Ao ligar a televisão fica triste por saber que a novela já acabou (ainda por cima era o episódio final), muda de canal e anima-se com a possibilidade de ver um pouco de pornografia mas depressa apercebe-se que afinal era apenas a boca da Manuela M. Guedes.
Triste, devora as últimas bolachas de água e sal (em tempo de crise à que poupar e assim não gasta nem em água nem no sal.. nem nas bolachas já que as comprou “de esticão” a uma octogenária), enfia-se na cama que não é mais que um amontoado de cobertores, papel higiénico e migalhas e tenta adormecer na esperança que o próximo dia seja melhor.
Mesmo antes de desligar larga duas risadas fortes, uma porque arriscar dar “aquele” peido tinha sido uma má jogada e outra porque infelizmente sabia que comparado com a sua viida normal, o dia até que tinha sido um doce sonho.
Dorme fewhipe que o sol brilha para todos.. menos para ti seu Triste!

O meu som:
The Strokes – Obstinated

Citação do post:
“Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see,..
No one knows this more than me.
As I come clean.”
In just breathe by pearl jam

Prá mãe, pró pai e pró irmão..

sábado, 3 de abril de 2010

carros e personalidades (ou será ao contrário?)

Os Carros são como as pessoas, cada um com a sua personalidade e performance, como tal, e porque por estes lados é assim que as coisas funcionam, decidi fazer um post acerca deste tema ou algo muito idêntico.

Os camiões são claramente os Gordos do parque automóvel, começa pelo tamanho, passa pelo facto de beberem que nem camelos e acaba com todos a passarem-lhe à frente (já para não falar nas subidas em que borram-se todos para chegar ao topo).

As carrinhas de caixa aberta são o perfeito trolha (ou melhor, especialista no assentamento de materiais edificadores diversos através de processos refinados segundo o método de tentativa e erro patrocinados por uma companhia de bebidas ligeiramente alcoólicas), faz montes de alarido por onde passa, é semi-descapotável em honra da mítica e muito transpirada camisola de manga caviada, carrega sempre mais do que aquilo que pode e é pau para toda a obra, básica em conteúdo interno mas robusta como aço.

Os carochas (dos novos claro) são as meninas bem que nunca o estão, aquelas chocas que à mínima coisa ficam com uma cara igual à de quem acabou de chupar um limão (ou de uma actriz porno amadora durante o seu primeiro “cum shoot”), custam muito mais do que valem, são cheias de coisas bonitas mas regra geral a performance é fraca e rapidamente ficamos a pensar porque queremos manter aquele monte de curvas que na realidade nem convém sermos vistos a andar por ter um interior tão fraquinho.

Os Opel Tigra (modelo anterior) representam com muito orgulho e explosões de ráter a comunidade guna, naquele espaço só vai o guna e a moça pré-púbere, já que atrás só tem mesmo espaço para colocar uns portáteis extraviados, a maioria faz muito barulho mas quando apanha um carrito melhorzito fica-se pelo arrebitar da bufadeira e pouco mais, não saindo sequer do parque de estacionamento, gostam de lhes colocar umas luzes néon na frente que funciona como as voltas de ouro ou assim assim (o bling bling nacional da loja dos trezentos) dos gunas, servem para retirar a atenção do resto. Costumam ter os vidros fumados porque é mesmo cool, tão cool quanto um guna usar óculos escuros à noite!

Aqueles carrinhos pequeninos que não precisam de carta (não sei o nome) são os velhos do grupo, andam tão devagar que por vezes não sabemos se estão parados ou mortos, com uma rajada de vento mais forte dão de si e o medo de caírem para o lado torna-se muito real, são extremamente poupadinhos e regra geral atrasam a vida ao resto do mundo.

Os Mercedes são os intelectuais reformados da alta sociedade, mantêm os costumes porque sabem que resulta, raramente falham e onde quer que vão são apropriados, garantem a entrada em todo o lado e não combinam muito bem com esta geração nova do rápido, simples e fútil.

Os Audi são os contabilistas (os gajos que pensam que todas as noites vão facturar), vistos por fora têm muita pinta, enquadrando-se perfeitamente na moda, prometendo tudo o que sempre se quis, ao ver de mais perto reparamos que lhe falta uma certa classe, que junto de outros carros com um pouco mais de substância rapidamente engasga-se, são extremamente populares parecendo reproduzir-se que nem coelhos num ambiente um pouco estranho, o bairro social socialmente aceite, são tão originais quanto uma fotocópia e o orgulho de ser um é desfeito ao sair à noite pois ao entrar num parque de estacionamento de uma discoteca mais parece que estamos numa casa de espelhos.

Os BMW são os engravatadinhos da sociedade, numa outra época sinónimo de exclusividade e status agora aparecem um pouco por todo o lado, multiplicam-se mais rápido do que uma lavandaria a seco, com a maioria aparenta trazer algo mais na bagagem mas regra geral é a versão básica, estacionado em frente ao tasco ou à fábrica de encher chouriços quando outra hora só visto em frente aos melhores hotéis.

Aquelas carrinhas chinesas cujas marcas recusam-se a fazer os “crash tests” europeus são os deputados e afins, impossíveis de transmitir confiança mas apelativas por baixarem os preços, quando tentamos que façam o seu trabalho revelam enormes dificuldades de rendimento, e com meia dúzia de caminhos mal tomados desfazem-se em peças de fraca qualidade. Usam slogans fantásticos para esconder a realidade prosperando apenas devido ao esforço e árduo trabalho de empregados explorados. Quando sobre pressão revelam a sua verdadeira identidade, um conjunto de fracas ideias, com fraca matéria e muito má vontade à mistura.

O Land Rover (primeiros modelos) é o agricultor do grupo, o que ele quer é monte ou campo, só estando bem com lama até meio, faz tudo o que é necessário e seria impossível ser mais apropriado para a vida campestre, na cidade já é outra história, revela ser um pouco desajeitado em muitas situações e nunca consegue identificar-se totalmente com os restantes carros. Muito simples, revelando uma humildade que encaixa perfeitamente, não pretende ser o mais bonito dos seus pares, nem o mais rápido mas no final do dia é o único que ainda rola.

Ford Transit, bem, estas aqui representam o nobre povo feirante que só compra tecido preto para roupa, sim, os ciganos, sempre que vejo uma transit a passar ela está suja, poluí o ar que nem uma fundição e tem sempre os vidros de trás tapadas como para esconder qualquer coisa. De dentro traz sempre uma qualquer surpresa desagradável e são persistentes como um salmão, acabam sempre por chegar onde querem, nem que seja por atalhos.

Eu até que queria alongar este tema mas como muitas coisas na vida tudo tem um limite e este é o meu, vou só terminar referindo o incontornável e incontrolável em tempo de chuva Fiat Uno, tal como o próprio nome diz são carros pilotados (não guiados como alguns poderiam supor) por pessoas que são sempre as primeiras a chegar atrasadas quando o carro não pega, é sempre o primeiro a ser roubado entre muitos porque não aparenta ser grande desafio mas acaba por ser sempre, mas é que não falha, ao contrário das suas componentes eléctricas uma grande aventura, estarei a falar do carro ou do piloto, bem, a verdade é que não sei porque ambos são indissociáveis, principalmente se tentarem andar a 160 no meio da chuva com aqueles pneus de bicicleta. São simples mas tal como o nome deixaria adivinhar, únicos.

Porque sim!

O meu som

Kaiser chiefs - love's not a competition (but I'm winning)

Citação do post:

If you or me is wrong or right
Ain't gonna spend another night,
In your bed...”

By Queens Of the Stone Age in “I never came”

Prá mãe, pró pai e pró irmão

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Esplanadas rurais

Pois é, agora que o verão se foi, praticamente, decidi que um bom tema para “postar” seria esplanadas, mais concretamente as das terriolas, isso sim é que é, com uma ilustre vista para as cabras do Sr. Manuel, recordista nos dois hectares estrumados, recorde este apenas alcançado devido ao excelente olho, não, excelente vista para a aerodinâmica do estrume pútrido, encomendou ao Sr. Ferreira um gadanho reforçado de cabo ergonómico e comprimento ajustável à cifose degenerativa, coisas de primeira linha entenda-se.

Esplanadas estas, onde pedir um café com cheirinho não é uma opção mas sim uma triste obrigação, pelo menos a gama de cheiros é vasta indo do irritante malcheiroso ao por amor a Deus ou a mim quem é que partiu ovos podres sobre este cadáver em decomposição??

A música ambiente fica a cargo do próprio ambiente que rodeia o café / tasco / salão da carta batida / encontro da 3ª idade, nomeadamente os berros frustrados do bode por não ter cabra, bode este perito em mija de longo alcance, já tendo desgraçado pelo menos três mulheres de respeito segundo reza a lenda, a uma certa altura chegou a haver planos por parte do grupo activista da pensão em atraso para dar ao já referido bode uma velha mais carente e assanhada, que é como quem diz ainda capaz de se locomover voluntariamente, mas tais congeminações foram canceladas com o bode a recusar carne tão fora do prazo, a música ambiente também conta com a participação do Sr. Joaquim, mais concretamente com as suas reclamações sobre a mocidade fraca de espírito que corrompe o país, não tendo qualquer tipo de respeito pelos velhos e tornando o presente sempre pior que o passado.. “Dantes é que era, não havia esta ladroagem toda, isto é só toxicoindependentes e moçoilas com fogaça nas pernas”:

O cardápio embora tecnicamente não exista é constituído por várias combinações de pão, fumados e queijo não necessariamente nessa ordem acompanhados por um leque de prazeres líquidos como o venho maduro tinto fresco ou natural, em copo, caneca ou directamente pelo gargalo do garrafão (que é mais partilhado naquela aldeia que a própria tuberculose) ou à penálti, como sempre o vinho é caseiro, feito a partir da ancestral arte de “martelar” o vinho, podendo conter uvas na sua elaboração mas nada é garantido.

O atendimento, de classe, dificilmente podia ser melhor nunca tendo havido uma única reclamação sobre os empregados de balcão, o facto de não haver nenhum talvez tenha contribuído para tal mas quem sou eu para especular. A dona Lurdes, cozinheira a tempo inteiro e psicóloga autodidacta a part-time, serve e serve-se sempre que pode com um sorriso largo na foto do medalhão que traz pendurado ao pescoço, pedaço de ouro com a lembrança do falecido que de bêbado e agressivo tinha muito mas era um anjo de homem.

Anos de experiência levaram a que esta senhora, de fácil trato, conseguisse a proeza de atender três clientes, também conhecidos como inquilinos não oficiais, no espaço de uma hora, a comida é sempre fresca quando é comprada lá na mercearia da zézinha o mesmo não se podendo dizer quando chega à mesa ou balcão naqueles tão engraçados e práticos, pratos de plástico reutilizáveis. De referir que a recente regra de lavar as mãos a cada duas horas está a ser um “atraso de vida” mas pelo menos diminuiu os casos de gastroenterites na vila, também apelidados de síndrome de caga-água, apelido descoberto da pior maneira pelo Sr. Afonso adepto da biscalhada e do treinamento semi-profissional de futebol de bancada, contando com os Srs. Henrique e Santos como paineleiros alegremente alcoolizados todas segundas tardes de cada semana.

Infelizmente as instalações sanitárias estão a sofrer uma ligeira remodelação (o projecto para esta empreitada celebrizou recentemente o seu quadragésimo aniversário) como tal o riacho ou o farto matagal nas traseiras são as melhores opções para aliviar a tripa depois de comer aquela tripalhada com cheiro esquisito mas que estava boa segunda a palavra sempre correcta da Lurdinhas, apelido carinhoso que os clientes mais corajosos murmuravam por baixo da mesa. De ressalvar que tal viagem relaxante não é de estranhar numa vila habituada a limpar o cu a fetos e mirar as estrelas enquanto faz aquele xixi que procede a cama.

Nada mais sai como tal por agora é tudo..

finalmente um update nossa, afinal ainda respiro!

O meu som:

King Of Leon – closer


E agora um pouco de mim… (dejá vu?)

Citação do post:

What's in it for me

I came here for a good time and you're telling me to leave

but you don't have to say it again, I heard you the first time

by The Walkmen in "what's in it for me"


Prá mãe, pró pai e para o irmão…

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sapatilhas

Quando eu era miúdo as sapatilhas eram todas muito parecidas, tipo todas brancas, que era a cor ideal para as crianças usarem já que elas “nem” brincavam no meio da imundice nem nada, é preciso entender que esta era uma altura em que chegar a casa com as sapatilhas cheias de lama nem era assim tão mau, tais sapatilhas tinham atacadores (o velcro era só para os bebés que não sabiam apertar os atacadores) com dois nós impossíveis de desfazer, mas mesmo, as empregadas da minha pré-escola tinham derrames cerebrais de tanto pensarem como é que haviam de desapertar tal armadilha cordácia, isto também sobrava para as mães quando estávamos atrasados para sair e dizíamos que o pé não entrava na sapatilha, ou vice-versa (penso que a tão típica e amada unhaca evolutiva portuguesa foi criada para ajudar a desfazer estes nós entre outras coisas ou pelo menos para lascar os pés e assim transformar uns 36 nuns 32 que estavam atafulhados nuns 34).

Sapatilhas estas que eram geralmente compradas na feira local e duravam sempre uma vida inteira que é como quem diz até a biqueira se rasgar toda e as ditas cujas “andarem a pedir pão” (ui-ui, que pirralho agora tristemente transformado em adulto não se lembra desta frase).

Geralmente tinham marcas boas, de lama, resina e espiche, também tinham outras, não tão boas diga-se de passagem como retruck, pami e sportex, coisas de classe entenda-se!

Usávamos sapatilhas porque éramos activos, a bola não se ia pontapear sozinha! e guardávamos os sapatos para sair ao domingo, aqueles que já têm pelo menos duas décadas devem saber o que é a roupa de domingo, também conhecida como aquela que se formos caços a usar noutro dia da semana “levamos duas lagostas prós brincos que até cuspimos dentes”, “esta roupa” estava sempre tão impecável mas tão impecável que até parecia mal nuns putos que arranjavam sempre maneira de ter chocolate, geleia ou lama espalhada pela cara, mãos e um pouco por todo o lado. Não é exagero, os bolsos naquela altura eram usados para guardar tudo mas mesmo tudo, isso de andar com dinheiro dos bolsos é coisa moderna ou fantasia antiga.

Actualmente esta juventude compra sapatilhas para lhes dar o uso de sapatos de vela, a sério, é que nem arriscam a mover uma folha caída do chão, e quando as raspam na borda do passeio ou na cara de um colega menos chegado ficam todos tristes porque “agora já não servem prá noite”, sim porque para muitos moços hoje em dia a noite é sinónimo de discotecas, no meu tempo era futeboladas na rua com paralelos a fazer de balizas e carros alheios a fazer de árbitro.

As sapatilhas hoje em dia são mais coloridas mas nem por isso são melhores, eu detesto sapatilhas cor-de-rosas, derivados muito semelhantes (aliás, tudo o que é cor-de-rosa irrita-me com excepção da pantera e algumas zonas corporais alheias).

A oferta é grande mas a mim não me convence, sapatilhas com a língua gigantesca para usar por cima das calças parecem-me caneleiras, a única maneira de eu aceitar estas sapatilhas é juntando-lhes uma biqueira de aço, cobrir de maça e enviar para a trolhice.

Regra geral tolero e até aprecio aquelas sapatilhas grafitadas mas quando estas têm a cara de um qualquer palhaço da tv já passa a barreira do abuso, estas e aquelas que brilham mais no escuro que o bling bling americano, são boas é para atear um bom fogo (e assim de repente podemos sempre juntar umas t-shirts rosa, roxas e com brilhantes ou frases mesmo muito estúpidas cujo dono nem sequer sabe traduzir).

Sapatilhas com rodinhas estão no mesmo patamar que as de amortecedores (a.k.a. as novas tilhas de um pobre guna), estas não estão mas deviam estar num patamar mais alto que assim o empregado da footlocker não lhes chegava.

Por agora é tudo, um abraço e até à próxima.

Porque sim.


O meu som:

Frightened Rabbit - Keep Yourself Warm

Citação do post:

It's way too late to be this locked inside ourselves

The trouble is that you're in love with someone else

It should be me. Oh, it should be me”

In C'mere por Interpol


Prá mãe, pró pai e para o irmão…