Conversadores alheios...
Nada como outro Post para manter isto em movimento.
Aproveito o último dia do primeiro mês de 2006 para elevar a contagem de Post mensais para uns incríveis e pouco credíveis… quatro!!!
Tema do dia, embora na verdade o dia ainda esteja a começar e tal (para os curiosos e para todos os outros estou a escrever este directamente da faculdade).
Continuando, o tema do dia é as pessoas que metem conversa em qualquer lado com qualquer pessoa que encontrem.
Eu tenho de admitir, e quem me conhece já o sabe há muito tempo, que sou bastante anti-social, e como tal as pessoas que falam com estranhos com uma facilidade tremenda fazem-me confusão.
É velos na paragem do autocarro a falar do sobrinho que acabou o décimo segundo ano à terceira vez, é velos na “camunete” a falar das hemorróides que não dão descanso, e merdas deste tipo.
Eu tento imaginar o que leva estas pessoas a pensar que um desconhecido qualquer está sequer interessado em saber o seu nome quanto mais a história da sua vida.
À e tal, o que estas pessoas precisam é de falar dizem os mais elucidados, a vida às vezes vai mal ou vivem sozinhos e falar ajuda e tal…
Pois é, mas sempre podem optar por outras soluções como por exemplo, (esta foi sugerida por um primo meu), pegar no telefone e começar uma massagem ao ego, como? Fácil, basta dizer cenas do género quem é o melhor do mundo ou o mais bonito ou isso e esperar pela resposta sempre presente do telefone, “tu..tu..tu..tu..tu..tu..tu..”, qual espelho da bruxa na branca de neve qual quê, o telefone é que é.
Outra terapia é beber até achar que a Lili Caneças é bonita ou que a Simara nem é assim tão gorda, porquê? Ora então, ao atingir esse estado é virtualmente possível ter diálogos mesmo na completa solidão, com divergência de opiniões e tudo, e se isso não estiver a resultar também não há problema porque uma rápida soneca na valeta já estará a caminho.
Vou tentar analisar estas pessoas, ora bom… indivíduos com mais de trinta anos, provenientes de educações camponesas, que consomem uma dose tóxica de telenovelas e adoram ir para um café qualquer passar três horas a ouvir conversas alheias, para todos os temas têm sempre um familiar “que já passou por isso”, da toxicodependência à transsexualidade, isto no caso das mulheres.
Os homens geralmente já ultrapassaram a fasquia dos sessenta, julgam-se todos treinadores de bancada e infelizmente já não podem abusar tanto na pinga porque “o doutor assim o disse”, gostam sempre de comparar o agora com o “dantes”, e embora a ditadura imperasse e não se pudesse ter uma conversa na rua com mais de quatro pessoas, “dantes” era sempre melhor do que agora, mesmo que agora já possa tomar um café com cheirinho todos os dias e “dantes” apenas podia beber um bagacito quando havia festa na terrinha.
Isto de falar com estranhos atinge o nível do ridículo quando estão dois amigos a falar e a meio da conversa surge uma opinião de um perfeito desconhecido sem que tal tenha sido pedido, ambos os amigos olham para tal pessoa, acenam com a cabeça e lancem um sorriso forçado, resumindo a conversa continuam até que passados dois minutos já outra opinião perfeitamente escusada surge de modo furtivo na conversa, e prontos, a partir daqui já se sabe, este desconhecido já pensa que é mais um amigo e uma conversa pessoal a dois passa a debate público a três ou mais num dia de sorte…
Existe mais um pormenor interessante nestas pessoas, elas geralmente, e embora estejam a falar apenas para uma pessoa, elevam o tom de voz até que ninguém num raio de quinhentos metros quadrados consiga ficar indiferente à conversa.
Cena típica, velha a falar com novo sobre a vida da forma mais entusiástica possível ao que o novo responde mecanicamente com uns “ahem ahem” e “pois pois”, geralmente a conversa acaba com este a correr para longe com a desculpa que está atrasado para um exame à próstata…
Para terminar este tema vou aqui falar duma conversa que ouvi na “camunete" à já bastante tempo (para os “iluminados” que estão a pensar qualquer coisa do tipo, “pois, tu também curtes ouvir as conversas dos outros”, admito que sou curioso mas este não é o caso porque embora a conversa estivesse a decorrer nos bancos de trás até o motorista devia conseguir ouvir-la).
Foi qualquer coisa assim, uma mulher com os seus quarenta anos diz com uma voz bastante orgulhosa, “olhe um sobrinho meu conseguiu acabar o nono ano e agora é chefe (ou uma cena assim) numa fábrica” ao que o velho respondo, com um aumento de decibéis notório na sua voz “Ai sim, então diga-me lá se eu não tenho uns netos que são um espectáculo, um acabou a faculdade de engenharia e é engenheiro (num sitio qualquer), o outro já acabou o curso e está a dar aulas…” (no caralho mais velho e se não estou em erro um dos dois estava a tirar uma segunda licenciatura), talvez tenha sido só impressão minha mas a diferença de nível entre os objectivos alcançados era tão grande que a mulherzinha deve ter pensado que calada era uma casa cheia, não sei o que teve mais piada, a resposta do sexagenário ou este elevar a voz para todos ouvirem, seja como for um sorriso desenhou-se na minha cara…
Bem, mais uma vez a minha visão demasiado crítica da sociedade revela as minhas escassas capacidades interpessoais, isso ou eu estou apenas a exagerar o quotidiano e ver a vida numa perspectiva mais cómica na tentativa de ultrapassar todos os males que esta acarreta, ou até quem sabe, o Bush é descendente directo dos macacos…
Hasta meu bom povo, eu até que mandava um abraço para todos mas os meus braços não são assim tão compridos, uma dica acerca de cerveja, a nova Abadia da SB não é grande coisa a meu ver, mas a cena de lançarem uma “Abadia” (leia-se “A bádia”, com pronuncia do norte incluída cum catano) para concorrerem com a Bohemia foi bem jogado, mais três pontos para as gentes de Leça do Balio…
My sound:
Placebo – five years (cover rara duma música do David Bowie)
Prá mãe, pró pai, pró irmão e pró velho do cão…
Aproveito o último dia do primeiro mês de 2006 para elevar a contagem de Post mensais para uns incríveis e pouco credíveis… quatro!!!
Tema do dia, embora na verdade o dia ainda esteja a começar e tal (para os curiosos e para todos os outros estou a escrever este directamente da faculdade).
Continuando, o tema do dia é as pessoas que metem conversa em qualquer lado com qualquer pessoa que encontrem.
Eu tenho de admitir, e quem me conhece já o sabe há muito tempo, que sou bastante anti-social, e como tal as pessoas que falam com estranhos com uma facilidade tremenda fazem-me confusão.
É velos na paragem do autocarro a falar do sobrinho que acabou o décimo segundo ano à terceira vez, é velos na “camunete” a falar das hemorróides que não dão descanso, e merdas deste tipo.
Eu tento imaginar o que leva estas pessoas a pensar que um desconhecido qualquer está sequer interessado em saber o seu nome quanto mais a história da sua vida.
À e tal, o que estas pessoas precisam é de falar dizem os mais elucidados, a vida às vezes vai mal ou vivem sozinhos e falar ajuda e tal…
Pois é, mas sempre podem optar por outras soluções como por exemplo, (esta foi sugerida por um primo meu), pegar no telefone e começar uma massagem ao ego, como? Fácil, basta dizer cenas do género quem é o melhor do mundo ou o mais bonito ou isso e esperar pela resposta sempre presente do telefone, “tu..tu..tu..tu..tu..tu..tu..”, qual espelho da bruxa na branca de neve qual quê, o telefone é que é.
Outra terapia é beber até achar que a Lili Caneças é bonita ou que a Simara nem é assim tão gorda, porquê? Ora então, ao atingir esse estado é virtualmente possível ter diálogos mesmo na completa solidão, com divergência de opiniões e tudo, e se isso não estiver a resultar também não há problema porque uma rápida soneca na valeta já estará a caminho.
Vou tentar analisar estas pessoas, ora bom… indivíduos com mais de trinta anos, provenientes de educações camponesas, que consomem uma dose tóxica de telenovelas e adoram ir para um café qualquer passar três horas a ouvir conversas alheias, para todos os temas têm sempre um familiar “que já passou por isso”, da toxicodependência à transsexualidade, isto no caso das mulheres.
Os homens geralmente já ultrapassaram a fasquia dos sessenta, julgam-se todos treinadores de bancada e infelizmente já não podem abusar tanto na pinga porque “o doutor assim o disse”, gostam sempre de comparar o agora com o “dantes”, e embora a ditadura imperasse e não se pudesse ter uma conversa na rua com mais de quatro pessoas, “dantes” era sempre melhor do que agora, mesmo que agora já possa tomar um café com cheirinho todos os dias e “dantes” apenas podia beber um bagacito quando havia festa na terrinha.
Isto de falar com estranhos atinge o nível do ridículo quando estão dois amigos a falar e a meio da conversa surge uma opinião de um perfeito desconhecido sem que tal tenha sido pedido, ambos os amigos olham para tal pessoa, acenam com a cabeça e lancem um sorriso forçado, resumindo a conversa continuam até que passados dois minutos já outra opinião perfeitamente escusada surge de modo furtivo na conversa, e prontos, a partir daqui já se sabe, este desconhecido já pensa que é mais um amigo e uma conversa pessoal a dois passa a debate público a três ou mais num dia de sorte…
Existe mais um pormenor interessante nestas pessoas, elas geralmente, e embora estejam a falar apenas para uma pessoa, elevam o tom de voz até que ninguém num raio de quinhentos metros quadrados consiga ficar indiferente à conversa.
Cena típica, velha a falar com novo sobre a vida da forma mais entusiástica possível ao que o novo responde mecanicamente com uns “ahem ahem” e “pois pois”, geralmente a conversa acaba com este a correr para longe com a desculpa que está atrasado para um exame à próstata…
Para terminar este tema vou aqui falar duma conversa que ouvi na “camunete" à já bastante tempo (para os “iluminados” que estão a pensar qualquer coisa do tipo, “pois, tu também curtes ouvir as conversas dos outros”, admito que sou curioso mas este não é o caso porque embora a conversa estivesse a decorrer nos bancos de trás até o motorista devia conseguir ouvir-la).
Foi qualquer coisa assim, uma mulher com os seus quarenta anos diz com uma voz bastante orgulhosa, “olhe um sobrinho meu conseguiu acabar o nono ano e agora é chefe (ou uma cena assim) numa fábrica” ao que o velho respondo, com um aumento de decibéis notório na sua voz “Ai sim, então diga-me lá se eu não tenho uns netos que são um espectáculo, um acabou a faculdade de engenharia e é engenheiro (num sitio qualquer), o outro já acabou o curso e está a dar aulas…” (no caralho mais velho e se não estou em erro um dos dois estava a tirar uma segunda licenciatura), talvez tenha sido só impressão minha mas a diferença de nível entre os objectivos alcançados era tão grande que a mulherzinha deve ter pensado que calada era uma casa cheia, não sei o que teve mais piada, a resposta do sexagenário ou este elevar a voz para todos ouvirem, seja como for um sorriso desenhou-se na minha cara…
Bem, mais uma vez a minha visão demasiado crítica da sociedade revela as minhas escassas capacidades interpessoais, isso ou eu estou apenas a exagerar o quotidiano e ver a vida numa perspectiva mais cómica na tentativa de ultrapassar todos os males que esta acarreta, ou até quem sabe, o Bush é descendente directo dos macacos…
Hasta meu bom povo, eu até que mandava um abraço para todos mas os meus braços não são assim tão compridos, uma dica acerca de cerveja, a nova Abadia da SB não é grande coisa a meu ver, mas a cena de lançarem uma “Abadia” (leia-se “A bádia”, com pronuncia do norte incluída cum catano) para concorrerem com a Bohemia foi bem jogado, mais três pontos para as gentes de Leça do Balio…
My sound:
Placebo – five years (cover rara duma música do David Bowie)
Prá mãe, pró pai, pró irmão e pró velho do cão…