sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

"Camunete" again...

Mais um dia mais um nascer do sol, e assim de repente, mais um Post também…
Numa tentativa infrutífera de tentar compensar a ausência deste que subscreve neste descerebrado Blog mando mais um Post como o Governo faz com os impostos, rapidamente e sem pensar muito nisso.
Hoje o tema de partida pode ser as viagens de “camunete”, já aqui falei nelas mas agora vou tentar aprofundar um bocado este tema, aprofundar uns cinco seis metros.
Não há nada como viajar nos transportes públicos, é verdade, só para abrir o apetite aquele cheiro característico a bacalhau podre que emana da parte frontal do autocarro (mais propriamente dos “entrefolhos” das mulherezinhas com mais de sessenta anos), isso sim, o verdadeiro aroma português, nada de anormal num país de antigos exploradores marítimos, com sorte estas mulheres trazem mesmo o bacalhau a secar no meio das sete saias.
Mas isto até se resolve rapidamente, uma curta viagem até à parte de trás da camioneta e a abertura de três ou quatro janelas deve resolver o assunto.
Claro que uma viagem de autocarro tem muito mais que se lhe diga.. o bêbado, aquele tipo que depois de entornar três ou quatro copos no chão decide que os vinte que já bebeu são suficientes e apanha a “camunete” para regressar à tasca da sua zona. Este sim, este homem pequeno e barbudo funciona como o sistema de som que o agarrado do dono das camionetas nunca quis comprar, lá está ele, no meio da camioneta para que a sua voz chegue claramente a todos os centímetros da camioneta (e mais alguns metros para o seu exterior), sozinho sobrepõem a sua voz a todos os outros ruídos e começa a desenrolar metade dos seus problemas, às vezes fala directamente para alguém, outras para todos mas geralmente não fala nada e apenas imite grunhidos..
Não se passa nada, estou na minha, ou melhor falando, no banco de trás do autocarro e o leitor de mp3 vai resolvendo o assunto da melhor maneira possível.
Quando um tipo pensa que a situação até nem é assim tão má repara que a camioneta não se move há dez minutos, a fila é comprida e o atraso ainda maior, porra, esta merda é sempre igual…
De repente, vindo do nada, a “camunete” pende para a direita e entra um mamute de cento e cinquenta quilos pelo autocarro a dentro, espremendo-se pela fila de cadeiras ultrapassa uma louraça de vinte e três anos com uma cotovelada seca e apanha o último lugar disponível, como seria de esperar é o nosso, azar dos azares é que escolhemos o lugar da janela e como é obvio virámos pega monstros num instante, lá seguimos viagem, com a cara colada ao vidro e os tomates esmagados devido às pernas estarem desumanamente demasiado juntas, os joelhos até já pensam que são gémeos siameses e as unhacas dos pés já não sabem a que sapatilha pertencem.
A viagem prossegue com o som do “alegre” no meio da “camunete”, o hipopótamo a espalmar-nos e a lembrar como é a lota de Matosinhos com a chegada de peixe fresco (fresco de à três meses).
Para melhorar a situação a bateria do leitor de mp3 o que começa a “mexer” com um gajo, o calor começa a aumentar dentro da “camunete” devido ao ar rarefeito que não se pode renovar já que lá fora está frio e a camunete parece uma lata de sardinhas (cheiro e tudo).
Depois de uma tentativa vã de relaxar chega a nossa vez de sair, “até que enfim” é um pensamento que nos percorre a cabeça, ao levantarmo-nos deparamos com uma batuneira empancada no banco que precisa de uma grua para ser levantada, nada de stress, dois empurrões bem dados e o caso fica resolvido, como já seria de esperar o corredor está apinhado de poveco e como não sou o homem aranha para andar pelo tecto tento espremer-me até à porta, claro que fico pela tentativa, passo a minha paragem e mais outra até conseguir sair, olho para o céu com cara de poucos amigos e faço-me ao meu caminho, sozinho? Nada disso, a chuva decidiu acompanhar-me e lá vamos nós, a partilhar pensamentos e tal…
Claro que nem tudo é mau nos transportes públicos, é sempre possível conhecer novas pessoas… claro que o mais provável é essas novas pessoas não valerem a pena serem conhecidas, mas isso é outra história e isto é o fim do Post.
Hasta para todos, vou dormir e pensar num tema melhor para um próximo Post, abraços e muitos palhaços…

My sound:
Limp Bizkit – the surrender

Prá mãe, pró pai, pró irmão e pró velho do cão…

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