Hoje sou... carpinteiro
Antes de mais, já sei que a ausência foi prolongada mas por vezes isso até é bom, e quando se trata de maltratar alguns bits inocentes, esta frase ganha ainda mais força.
Seja como for, estou de volta, e com veneno na língua e não só, pronto a debitar o que quer que o meu superego não consiga deter.
Hoje inicia-se uma nova rubrica cá na casa, ou melhor, no Blog, basicamente é o que o título diz, hoje sou… e assim serei.
Pois bem…
Hoje sou Carpinteiro, acordei cedo ao lado da “dona” que ocupava três quartos da nossa cama “king size” e sequestrava todos os lençóis, nada de novo, levantei-me e fui até a casa de banho com as minhas calças desportreino e camisa branca de alças com uma gola a que o adjectivo “larga” já não se coaduna muito bem.
A imagem reflectida no espelho não é nova mas cada vez mais assusta, barba grande, sete dentes em falta e nem vale a pena comentar o cabelo.
Mais uma vez, nada a que os olhos já não tenham ganho hábito e como tal, “bocejo o hálito” com bagaço e sigo para o café.
São oito da manhã e engulo o primeiro café com cheirinho, tem de ser, o bagaço aqui anda caro, depois de meia dúzia de palavras trocadas com os trolhas do costume faço-me À vida, ou seja, siga para a serração.
Nove horas da manhã, ligo a minha máquina depois de ter passado vinte minutos a expulsar os restos de lasanha e cerveja do dia anterior.
Primeira função, fazer uma linda cadeira para uma senhora de formas bastante cobiçadas por hipopótamos, cujo rabo só ocupa três quintos de uma mesa de bilhar.
Primeira tarefa, arranjar madeira suficiente para suportar tais forças de tensão, conclusão?! Não há, solução?! Meter uns reforços de aço inox dentro das pernas da cadeira e sugerir um plano de dieta à rica senhora.
Hora da paparoca, demorei a manhã toda a fazer a cadeira, mais precisamente até às dez e meia tendo depois iniciado a leitura da bíblia sagrada, mais conhecida por “o jogo”.
No restaurante cá da zona a comida é sempre boa e quente, infelizmente eu vou ao tasco do lado porque a vida não está para exageros, como tal poupo no prato para investir no bagaço que isso sim, dá força a um “home de trabalho”.
São duas da tarde, a viagem de regresso à serração é chata mas desta vez tenho companhia, um jovem aprendiz a quem para convencerem a entrar na empresa lhe disseram, “em dois, três anos perdes um dedo!”, o moço aceitou, revela perspicácia, acho eu?!
A parte da tarde foi passada sem muito para fazer, corta aqui, prega acolá e “pointe masé a andar”.
Seis da tarde e a malta está reunida no café para discutir os prognósticos para o jogo de sábado, e ainda só é terça-feira, enquanto “boto abaixo” duas minis discuta a complexidade inerente e gasto energético no levantar do tremoço com um jovem simpático, dizem as pessoas que não são de lá, que apresenta uma grave falta de neurónios e dentes.
Mais tarde a conversa fica acesa quando alguém começa a discutir politica e futebol tudo misturado, a cavaqueira até foi concorrida mas ninguém conseguiu perceber nada, talvez o facto de estarem todos aos berros tenha ajudado para tal, talvez…
Chego a casa por volta das sete e meia com a dona a fazer a janta, sola de sapato com pedras amarelas, porra, já por aqui anda há tantos anos e ainda não sabe cozinhar, se o clube tivesse perdido levavas já duas na beiça.
Entram os putos a correr na cozinha aos berros uns com os outros, quem me mandou ter uma equipa de hóquei em patins, tento calar um ou dois mas sem efeito, como tal decido ir para o quarto ver alguma coisa.
O jornal da noite só dá boas noticias, impostos aumentam, gasolina aumenta, pensões vão ser cortadas, Simara vem a Portugal, “assim de repente até pensava que me iam dar más noticias” é o comentário que me cai da boca, fazendo algum barulho ao bater em ouvidos estranhos.
O jantar é o que se segue, frio e duro, nunca pensei que uma mousse de chocolate pudesse partir um dente mas pelos vistos isso é uma realidade.
A noite prossegue com um visionamento forçado de três novelas e acaba sem festa para ninguém já que a dona está “com dores de cabeça provocadas pelo teu toque”, deve ser uma doença rara, já que nunca tinha ouvido falar nela, não faz mal, tenho sempre o playboy canal.
E assim termina a primeira tentativa nesta nova rubrica, mais haverá se assim acontecer como tal não sustenham a respiração à espera do próximo, embora esse até nem deva demorar muito, penso eu?!
Fiquem em paz, ou pelo menos na calmaria a menos que desejam algo diferente, de qualquer maneira…
Hasta meu bom povo!
O meu som:
Nuno Prata – porque sim
Para a minha mãe, para o meu pai e para o meu irmão…
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