segunda-feira, 18 de novembro de 2013

90's kids

Bem, bem, bem...
A pedido, ou mais ou menos algo assim, aqui fica algo de mim.
Sinto que estou mais velho (ainda a semana passada estava no centro de saúde a comparar descaimento testicular com os 4 membros da associação recreativa da malha desportiva, fiquei em 2º lugar!) e como tal começo a olhar para algumas coisas de outra maneira (agora fazia uma piada sobre usar óculos mas quem me conhece sabe que na 2ª classe, quando levei com uma bola de ténis no meio daqueles hiper-mega-gigantescos óculos, tão bonitos e bons que acabei com um furo/arranhão no nariz, nunca mas quis usar óculos).
Na realidade vejo tudo como sempre vi, ligeiramente distorcido e pintado com uma palete que vai de uma manhã cinzento a uma tarde solarenga dependendo dos dias pois claro.
Mas como isto sempre foi de comparações, que nem rapazes com réguas sem nada que fazer no balneário?! aqui fica os meus anos de catraio vs o que quer que agora se passa nesta mocidade (mais algumas destas e vou jogar á malha para a Srª da saúde, 24 horas de malha, ainda hei-de participar, talvez, talvez não, não).
No meu tempo...
Redes sociais eram o bairro e a escola, e todos pertenciam desde que a mãe deixa-se vir para a rua (foi assim que quase abri a barriga ao meio numa árvore tombada, o pior foi mesmo esconder a T-shirt com sangue da mãe obviamente).
Jogos Multiplayer eram aquelas futeboladas na rua com paralelos a fazer de balizas e intervalos anunciados pelo motor de um carro ou mota a querer passar, "óoolha U carro, arruma os paralelos", isso ou "corridas" de bicla à volta do quarteirão, foi assim que dei uma de super-homem e aterrei num montão de lama, também "escondi" essa da minha mãe, claro que a minha versão de esconder era colocar para lavar como se alguém que não a minha mãe lavasse  roupa!
O Chatroom era chamado de "qualquer lugar no recreio", no tempo em que ainda não era moda colar os olhos num ecrã e ver o mundo através de letras e smyllies, já devo ter mencionado algures o quanto me irrita ouvir alguém dizer LOL em vez de se rir quando está a falar com alguém frente-a-frente, não tenham medo das rugas, não são sinais de velhice são sinais de vida.
Naquele tempo tirar fotos implicava mandar revelar estas, o que custava dinheiro e embora isso fosse chato, tipo aula de história depois de EF, significava que quando tiravamos uma fotografia era porque sentiamos que algo merecia ser preservado, agora pelos vistos nada tem valor já que tudo não só merece ser preservado para todo o sempre como ainda é exposto para todos, eu não quero saber da tosta-mista que comeste!
Antigamente não tinhamos muito conhecimento que não fosse formatado, por isso também não falavamos de muitas coisas, hoje em dia tuo está ao alcance de um clique mas mesmo assim, a maioria de slogans/status/lemas de vida não passam de cópias de cópias de um inergume que fingimos conhecer (claro que no final deste pequeno texto eu vou fazer exactamente o mesmo, ai que tristeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!)
Os nossos Ipads eram os magic-boards que bastava rodar um pequeno botão que fazia logo "um novo documento", o Iphone era os preciosos Walkmens, da Sony ou dos chineses (que chineses? não me lembro disso não), ajudavama  passar os tempos e mesmo com aqueles auscultadores almofadados todos ranhosos conseguiam dar uma certa pinta (pintarolas? devo estar perto dos 50..), claro que a pirataria era passar ums K7's aos amigos, gravadas com muito preserverância, pois tinhamos de gravar/parar no momento certo que passava na rádio e rezar para que não aparecesse a meio um irritante "rádiu cidadiii", ainda existe?).
Os discman vieram um pouco mais tarde, mas além de caros os primeiros estavam sempre a saltar as músicas, é o equivalente a fazer uma chamada via Skype com alguém na casa a fazer streamming de videos de gatinhos e gente a "bater com a  tromba em tudo que vê" (isto mais parece um título de um filme X-rated).
Falei nas fotos antes mas acho que algo ainda mais interessante eram as mensagens, naquele tempo era caro mandar umas sms, tipo, se mandassem 20 para  mesma pessoa no mesmo dia era o mesmo que dizer "eu penhorava a minha casa por ti!". O que embora não fosse lá muito prático, pelo menos pensavamos (um pouquito só, mas pensavamos) no que diziamos e a quem diziamos, hoje em dia todos pensam que são o Fernando Pessoa num "speed dating" quando na verdade o verso de um pacote de cereais tem mais vocabulário que a memória de tal ilucidado "telemóvel".
Em termos de presentes, acho que as crianças sempre quiseram mais, mas naquele tempo receber umas meias que não tinham as famosas raquetes de "tenis" (sem acento no é) já era uma vitória, e pelo menos para mim, ter mais que uma prenda dos pais era sinal que tinha acabado de abrir algo que não era para mim.
Não estou a dizer que agora é pior, nada disso, mas substituir tempo/carinho por telemóveis/roupa não me parece grande negócio, e se "dantes" também nem sempre havia tempo era mais porque trabalhar era mesmo preciso, não porque a colheita do farmville apanhou giada!
Isto já vai longo e eu não tenho grande vontade para discorrer sobre tudo e sobre nada, até porque no fim, eu não quero saber.
Porque sim!

O meu som
Mumford & Sons - I gave you all

Citação do Post

The woods are lovely, dark and deep.
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.
 Por Robert Frost in Stopping by Woods on a Snowy Evening (até parece que leio poesia, tão tristeeeeeeeee!)

Para mim..






 

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