sábado, 3 de abril de 2010

carros e personalidades (ou será ao contrário?)

Os Carros são como as pessoas, cada um com a sua personalidade e performance, como tal, e porque por estes lados é assim que as coisas funcionam, decidi fazer um post acerca deste tema ou algo muito idêntico.

Os camiões são claramente os Gordos do parque automóvel, começa pelo tamanho, passa pelo facto de beberem que nem camelos e acaba com todos a passarem-lhe à frente (já para não falar nas subidas em que borram-se todos para chegar ao topo).

As carrinhas de caixa aberta são o perfeito trolha (ou melhor, especialista no assentamento de materiais edificadores diversos através de processos refinados segundo o método de tentativa e erro patrocinados por uma companhia de bebidas ligeiramente alcoólicas), faz montes de alarido por onde passa, é semi-descapotável em honra da mítica e muito transpirada camisola de manga caviada, carrega sempre mais do que aquilo que pode e é pau para toda a obra, básica em conteúdo interno mas robusta como aço.

Os carochas (dos novos claro) são as meninas bem que nunca o estão, aquelas chocas que à mínima coisa ficam com uma cara igual à de quem acabou de chupar um limão (ou de uma actriz porno amadora durante o seu primeiro “cum shoot”), custam muito mais do que valem, são cheias de coisas bonitas mas regra geral a performance é fraca e rapidamente ficamos a pensar porque queremos manter aquele monte de curvas que na realidade nem convém sermos vistos a andar por ter um interior tão fraquinho.

Os Opel Tigra (modelo anterior) representam com muito orgulho e explosões de ráter a comunidade guna, naquele espaço só vai o guna e a moça pré-púbere, já que atrás só tem mesmo espaço para colocar uns portáteis extraviados, a maioria faz muito barulho mas quando apanha um carrito melhorzito fica-se pelo arrebitar da bufadeira e pouco mais, não saindo sequer do parque de estacionamento, gostam de lhes colocar umas luzes néon na frente que funciona como as voltas de ouro ou assim assim (o bling bling nacional da loja dos trezentos) dos gunas, servem para retirar a atenção do resto. Costumam ter os vidros fumados porque é mesmo cool, tão cool quanto um guna usar óculos escuros à noite!

Aqueles carrinhos pequeninos que não precisam de carta (não sei o nome) são os velhos do grupo, andam tão devagar que por vezes não sabemos se estão parados ou mortos, com uma rajada de vento mais forte dão de si e o medo de caírem para o lado torna-se muito real, são extremamente poupadinhos e regra geral atrasam a vida ao resto do mundo.

Os Mercedes são os intelectuais reformados da alta sociedade, mantêm os costumes porque sabem que resulta, raramente falham e onde quer que vão são apropriados, garantem a entrada em todo o lado e não combinam muito bem com esta geração nova do rápido, simples e fútil.

Os Audi são os contabilistas (os gajos que pensam que todas as noites vão facturar), vistos por fora têm muita pinta, enquadrando-se perfeitamente na moda, prometendo tudo o que sempre se quis, ao ver de mais perto reparamos que lhe falta uma certa classe, que junto de outros carros com um pouco mais de substância rapidamente engasga-se, são extremamente populares parecendo reproduzir-se que nem coelhos num ambiente um pouco estranho, o bairro social socialmente aceite, são tão originais quanto uma fotocópia e o orgulho de ser um é desfeito ao sair à noite pois ao entrar num parque de estacionamento de uma discoteca mais parece que estamos numa casa de espelhos.

Os BMW são os engravatadinhos da sociedade, numa outra época sinónimo de exclusividade e status agora aparecem um pouco por todo o lado, multiplicam-se mais rápido do que uma lavandaria a seco, com a maioria aparenta trazer algo mais na bagagem mas regra geral é a versão básica, estacionado em frente ao tasco ou à fábrica de encher chouriços quando outra hora só visto em frente aos melhores hotéis.

Aquelas carrinhas chinesas cujas marcas recusam-se a fazer os “crash tests” europeus são os deputados e afins, impossíveis de transmitir confiança mas apelativas por baixarem os preços, quando tentamos que façam o seu trabalho revelam enormes dificuldades de rendimento, e com meia dúzia de caminhos mal tomados desfazem-se em peças de fraca qualidade. Usam slogans fantásticos para esconder a realidade prosperando apenas devido ao esforço e árduo trabalho de empregados explorados. Quando sobre pressão revelam a sua verdadeira identidade, um conjunto de fracas ideias, com fraca matéria e muito má vontade à mistura.

O Land Rover (primeiros modelos) é o agricultor do grupo, o que ele quer é monte ou campo, só estando bem com lama até meio, faz tudo o que é necessário e seria impossível ser mais apropriado para a vida campestre, na cidade já é outra história, revela ser um pouco desajeitado em muitas situações e nunca consegue identificar-se totalmente com os restantes carros. Muito simples, revelando uma humildade que encaixa perfeitamente, não pretende ser o mais bonito dos seus pares, nem o mais rápido mas no final do dia é o único que ainda rola.

Ford Transit, bem, estas aqui representam o nobre povo feirante que só compra tecido preto para roupa, sim, os ciganos, sempre que vejo uma transit a passar ela está suja, poluí o ar que nem uma fundição e tem sempre os vidros de trás tapadas como para esconder qualquer coisa. De dentro traz sempre uma qualquer surpresa desagradável e são persistentes como um salmão, acabam sempre por chegar onde querem, nem que seja por atalhos.

Eu até que queria alongar este tema mas como muitas coisas na vida tudo tem um limite e este é o meu, vou só terminar referindo o incontornável e incontrolável em tempo de chuva Fiat Uno, tal como o próprio nome diz são carros pilotados (não guiados como alguns poderiam supor) por pessoas que são sempre as primeiras a chegar atrasadas quando o carro não pega, é sempre o primeiro a ser roubado entre muitos porque não aparenta ser grande desafio mas acaba por ser sempre, mas é que não falha, ao contrário das suas componentes eléctricas uma grande aventura, estarei a falar do carro ou do piloto, bem, a verdade é que não sei porque ambos são indissociáveis, principalmente se tentarem andar a 160 no meio da chuva com aqueles pneus de bicicleta. São simples mas tal como o nome deixaria adivinhar, únicos.

Porque sim!

O meu som

Kaiser chiefs - love's not a competition (but I'm winning)

Citação do post:

If you or me is wrong or right
Ain't gonna spend another night,
In your bed...”

By Queens Of the Stone Age in “I never came”

Prá mãe, pró pai e pró irmão

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